domingo, 4 de março de 2007

GASTÃO MOTA

Chico Mendes tinha cerca de 25 anos em 1969, quando teve de mudar da colocação onde trabalhava e vivia com sua família, em Xapuri, no Acre. O seringal pertencente a Gastão Mota tinha 20.000 hectares, segundo o historiador espanhol Javier Moro, no livro "Fronteiras de Sangue" (Scritta Editorial, 1993).

Segue um trecho do livro sobre o lafitundiário:

"Um dia, Chico topou com pistoleiros fortemente armados e pensou que havia chegado sua hora. Quis sair correndo, mas seu pai o impediu. Era melhor encarar o problema ali mesmo do que perder-se na floresta, à mercê dos pistoleiros do seringalista. Mas dessa vez os capatazes não estavam à procura de Chico Mendes, mas escoltavam o dono do seringal, um homem chamado Gastão Mota, cuja reputação de autoritário não era menor que a de seus métodos violentos. Em sua propriedade, um seringal de 20.000 hectares, chamado Filipinas, Francisco e seu filho Zuza haviam encontrado o cadáver do desconhecido. Gastão Mota estava percorrendo suas terras. Fazia campanha eleitoral para a Arena, um partido de extrema direita que apoiava o regime militar e concorria às eleições municipais. Era a primeira vez que Chico via de perto seu patrão e aquilo o deixou inquieto. Talvez porque a imagem daquele homem gordo, com cara de bonachão, não correspondesse ao que se sabia dele. Ou talvez fosse um pressentimento de que esse amante do churrasco e dos charutos acabaria conspirando contra os seringueiros".

Mais à frente o pai de Chico, Francisco Mendes, se recusa a votar na Arena e passa a ser descrito como "um comunista, um homem violento disposto a levar os seringueiros ao descalabro". Com medo de desaparecerem na selva, pai e filho decidem abandonar o seringal.

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